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  • Foto do escritorCarolina Ghilardi

Mulheres ocupam mais de 90% dos cargos do Magistério em Curitiba; Saiba sobre representatividade

Atualizado: 16 de ago. de 2020

Cargos da aministração publica da capital paranaense evidenciam desigualdade de gênero nas áreas de trabalho. Conheça quais cargos as mulheres têm ocupado na Prefeitura de Curitiba

Por Carolina Ghilardi

Edição Elisa Chiarello e Plínio Lopes



Prefeitura de Curitiba. Foto: Divulgação – Secretaria Municipal de Comunicação Social


Para a professora do Departamento de Administração da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ana Paula Cherobim, os números  “podem ser explicados pelo fato de que na média, homens não têm paciência para educar como as mulheres”. Já para a socióloga e professora da Universidade Positivo e da Unicuritiba, Eliane Basilio de Oliveira, os motivos são culturais. “Os homens não ocupam esses cargos porque existe uma cultura que diz que não são lugares para homens ocuparem”, afirma a socióloga.


Julio Suzuki, presidente do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social), afirma que os cargos de saúde, educação, serviço social e outros na área de atendimento são, geralmente, ocupados por mulheres, mas que isso não exclui a possibilidade de que o sexo feminino atue em outras áreas. “O bom do serviço público é a igualdade salarial [entre homens e mulheres], mas isso ainda não acaba com as preponderâncias tanto masculinas, quanto femininas, em determinadas áreas”, ressalta Suzuki.



Nos últimos 30 anos, o número de mulheres atuantes no mercado formal de trabalho aumentou no município de Curitiba, passando de 35% da população em 1985 para 49% em 2016, chegando muito próximo à igualdade numérica entre homens e mulheres atuando no mercado de trabalho. Os dados são do Ipardes e mostram que a combinação de fatores econômicos, culturais e sociais, dentre eles o aumento da escolaridade, possibilitou essa inserção – com um aumento de 14% – da mulher no mercado.Ainda de acordo com o presidente do Ipardes, Julio Suzuki, a expansão do nível de instrução permitiu não somente que mais mulheres tivessem uma ocupação profissional, como também fez com que as diferenças salariais entre os mesmos cargos ocupados por homens e mulheres fossem diminuindo. Porém os dados ainda apontam desigualdades a serem superadas, como a predominância tanto masculina quanto feminina em determinadas áreas de atuação.

A professora Ana Paula Cherobim não vê problemas nas relações de gênero nos cargos da Prefeitura. Para ela, não há hostilidade nesses dados, visto que os cargos públicos são ocupados pelo mérito e escolha do indivíduo através dos concursos públicos. Ela propõe, ainda, olhar para esses cargos de forma histórica e pensar que são profissões que expressam o perfil de estudo das mulheres. “O único problema é que os salários desses cargos são baixos, por isso não atrai aos homens. Mas atrai as mulheres porque podem adequar família e trabalho”, afirma.


Já para a socióloga Eliane Basilio de Oliveira, os dados obtidos pelo Nublado revelam uma divisão sexual do trabalho resultado de uma construção histórica que vem do século passado, através do desenvolvimento das ciências humanas e biológicas. “Existe todo um discurso construído via ciência social, médica e biológica e até mesmo sociológica, que vão reafirmar e justificar um processo de desigualdade de gênero. Um discurso que vai ser construído pela ciência que afirma que as mulheres são diferentes dos homens”, comenta.

Ainda de acordo com Eliane Basilio, neste discurso as mulheres têm a grande função de atuar como mães, educadoras e cuidadoras, daí o grande número de mulheres atuando nos cargos ligados à educação. “No Brasil, no início do século 20, os primeiros trabalhos permitidos para as mulheres fora do espaço doméstico foram os trabalho na educação. Isso acontece porque este é entendido como uma extensão da qualidade biológica das mulheres, que é cuidar, ajudar e educar, assim como é expresso nos trabalhos da área da saúde e assistência social. Então ela está reproduzindo aquilo que sabe e que faz parte da sua natureza”, analisa a professora.


A socióloga complementa, ainda, que para que haja mudanças é necessário desmistificar esses campos como exclusivamente femininos ou masculinos, através das escolas, universidades, famílias e mídias. Isso se daria através da discussão  sobre diferenças de gêneros e refletindo sobre os espaços de ocupação dentro da sociedade, de forma a desconstruir esses valores históricos que perpetuam a diferença entre os gêneros.

* As tabelas utilizadas para a reportagem estão disponíveis aqui e aqui. A análise foi feita com a ajuda da linguagem de programação Python, que possibilitou a conversão dos dados em PDF para um formato de tabela manipulável. Um agradecimento especial a Álvaro Justen, que auxiliou na classificação dos gêneros com um código feito para a Gênero e Número. A Prefeitura de Curitiba não disponibilizou os dados em outros formatos.


Para conferir a reportagem no local original de publicação basta acessar aqui.

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