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  • Foto do escritorCarolina Ghilardi

Em prol de uma criação mais racional, pais criam os filhos sem lendas

Atualizado: 30 de jun. de 2020

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Por Carolina Ghilardi



Escrever cartinhas ao Papai Noel, guardar o dente embaixo do travesseiro para a Fada do Dente, esperar os ovos de chocolate trazidos pelo Coelhinho da Páscoa são comportamentos comuns de crianças que acreditam nas figuras fantasiosas da infância. Mas existem aquelas crianças que crescem sem acreditar nessas figuras pelo ensino dos pais.


Faz parte da cultura e tradição brasileira falar às crianças sobre a “existência” desses personagens. Há pais que defendem essas figuras por considerá-las importante para a imaginação dos pequenos, e outros que não as incentivam. Os motivos que levam pais a criarem seus filhos sem essas figuras fantasiosas e mágicas podem ser diversos, desde questões éticas, religiosas ou até mesmo por defenderem que as crianças necessitam saber da verdade.


Uzias Alves decidiu ensinar desde cedo para a única filha, Camille (hoje com 20 anos), que essas figuras se originaram do paganismo e foram inseridas na história, e se conservaram com fins comerciais e midiáticos. Quis criá-la assim por acreditar que esses símbolos não eram necessários para se ter uma vida feliz, além de crer que são mentiras que afastam as crianças do real significado destas datas. Uzias foi criado em um lar cristão e passou para a filha as verdades bíblicas que aprendeu com seus pais. “Eu sempre soube que o Natal representa o nascimento de Jesus Cristo. E Páscoa é a ressurreição de Jesus, na festa judaica.”


Assim como o Uzias e a Camille,  Maria Vitória Fonseca também foi criada conhecendo a verdade sobre os símbolos do Natal e Páscoa. “Os meus pais sempre me explicaram muito bem que ovinho de Páscoa e presente de Natal eram eles que estavam me dando. Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa eram simplesmente figuras, assim como a fada do dente. ” E conta que, caso tenha filhos, pretende repassar os mesmos ensinamentos que recebeu dos pais.


De onde surgiram essas figuras? A internet está repleta de outras versões, mas você pode conferir aqui as que são mais aceitas:


Estudiosos afirmam que a figura do bom velhinho, foi inspirada num bispo chamado Nicolau, que nasceu na Turquia em 280 d.C. que costumava ajudar as pessoas pobres, deixando saquinhos com moedas próximas às chaminés das casas. Foi transformado em santo, após vários milagres atribuídos a ele. A imagem de São Nicolau foi associada ao Natal na Alemanha, mas o bom velhinho não usava esse figurino vermelho que conhecemos hoje.

O Papai Noel usava uma roupa de inverno na cor marrom ou verde escura. antes de se popularizar com a Coca-Cola.


(Foto 1: Portal Akalanta

Foto 2: Papai Noel de Thomas Nast

Foto 3:Ilustração oficial da Coca-Cola)


O coelho foi incorporado à Páscoa por meio de contos criados no velho continente, e são duas as narrativas mais conhecidas: a primeira conta que uma mulher pobre escondeu ovos coloridos num ninho para entregá-los aos filhos na manhã da festividade religiosa, mas as crianças descobriram o lugar e então um coelho passou rapidamente e espalhou os presentinhos, dando a impressão que o animalzinho carregava e distribuía os ovos.  Já a outra versão, também muito parecida, ganhou força no continente americano com a imigração alemã, no século 18. Conta que havia uma tradição dos alemães de esconder ovos de galinha pintados à mão em grandes quintais para que as crianças os encontrassem. Agitados com a movimentação dos pequenos, os coelhos que ali viviam saltavam de suas tocas. Com o tempo, os adultos uniram os ovos e os coelhos numa história, atribuindo ao coelho os presentes de Páscoa.


A lenda da Fada do Dente provavelmente teve origem no folclore da Europa Ocidental, pois antigamente acreditava-se que os dentes deveriam ser guardados ou queimados para que não os procurássemos após a morte ou para que não caíssem no poder de bruxas, que os usariam em feitiços. Os pais deveriam cuidar para que os dentes dos filhos não caíssem em mãos erradas. Na Espanha e países hispânicos, existe uma lenda muito popular e semelhante, que diz que quando uma criança perde um dente, deve colocá-lo embaixo do travesseiro e então o ratinho Pérez o troca por um presente ou moedas.

O Rato Pérez foi inventado pelo escritor espanhol Luis Coloma



(Foto 1: Capa do livro de conto infantil Ratón Pérez – Luis Coloma

Foto 2: Ilustração do Filme “O ratinho Pérez” / Castelao Producciones)


Debora Brito, mãe de duas crianças, a Eduarda de 8 anos e a Laura de 4 anos, também decidiu ensiná-las desse modo. “A decisão de ensinar desde cedo que essas figuras não existem foi baseada em ensinar sobre a realidade das coisas, a origem de figuras, de histórias, de datas comemorativas e do porquê que se comemora. Não foi sobre as figuras, mas foi sobre falar a verdade, foi sobre entender a história”. Debora acredita que as filhas podem desenvolver maior senso crítico ao ver enxergar os acontecimentos de forma mais real. “Não tive grandes dificuldades para ensiná-las sobre o assunto, a dificuldade era elas entenderam o porquê as outras crianças não compreendem essas figuras da mesma forma”, completa a mãe.


Existem vários estudos em torno do desenvolvimento humano que buscam compreender como que as crianças se relacionam com o mundo, e a fantasia é importante nesse processo, como explica a psicóloga Mariana Laís Batista.  “A fantasia é fundamental para que as crianças compreendam o mundo a sua volta e será através dela que a criança vai poder dar significado e expressão àquilo que ela sente ou àquilo que ela vivencia”. A psicóloga complementa ainda que os pais podem se aproveitar das figuras mais comuns como Papai Noel, Fada do Dente e Coelho da Páscoa para conversar e explicar assuntos importantes para a criança. “No entanto, é importante salientar que a descoberta da verdade sobre essas histórias também é essencial para o desenvolvimento infantil, porque as crianças aos poucos precisam começar a distinguir o mundo da fantasia e da realidade”, adverte a psicóloga.


Tanto Debora como Uzias concordam sobre os benefícios da verdade. “Não houve trauma nenhum com isso, pelo contrário, a verdade liberta, dá força moral, e com isso a gente se sente muito mais confiante de encarar os desafios da vida”. explica, seguindo os princípios que acredita.


Para conferir a reportagem no site original de publicação clique aqui

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